domingo, 29 de novembro de 2009

O ensino de português nas escolas brasileiras


A figura do professor de língua portuguesa quase sempre é mal vista, hostilizada, mais até que a figura do professor de matemática, que obriga o aluno a calcular, a decorar fórmulas. Isso acontece porque muitas vezes espera-se que ele seja a pessoa que vai atestar a incompetência do aluno em “não saber” usar sua própria língua.
Com isso, surgem dois pólos de professores: os odiados defensores da língua e os boas-praças, que tentam seduzir os alunos e tornam a disciplina palatável. O primeiro professor dita o que é certo ou errado na fala e na escrita dos alunos, é um verdadeiro substituto das gramáticas escritas até então, copiando os modelos seguidos por seus antigos professores. Jamais convidam seus alunos a refletir sobre a língua.
Já o professor que ocupa o segundo pólo, esse tenta cumprir os planejamentos, abafa algumas dúvidas que podem surgir sobre as normas da língua e que ele ainda não se sente capaz de esclarecer, mas procuram aproximar os alunos das suas aulas com muitos recursos audiovisuais, aulas extra-classe, etc. Preocupa-se com satisfação imediata de sua clientela. Porém, mais cedo ou mais tarde, vão ser lembrados por não terem elucidado suficientemente aquela dúvida, por terem deixado passar em branco aquele assunto importante para aquele público específico. Particularmente, nada tenho contra aos recursos audiovisuais, ou a um bom relacionamento com o alunado, mas o ensino da língua materna nas escolas exige muito mais do que isso.
O grande equívoco desses dois tipos de profissionais é negar a face dinâmica da língua, que se reinventa a todo tempo, sem perder necessariamente a sua estrutura, a sua essência e focar suas atividades ou nos modelos “consagrados” de ensino da língua, ou no gosto dos alunos. Dão a entender que a língua é única e estática (o que é um absurdo pelo simples fato de a língua ser uma representação social e psíquica de uma comunidade), ignorando os estudos científicos a respeito da língua, ignorando as várias normas que surgem dos diversos contextos comunicativos de uma comunidade.
Por causa dessa tentativa de engessamento da língua é que muitos alunos quando se deparam com uma gramática (e não o seu livro didático de português) sentem que estão diante de outra língua. O padrão ali existente (que é um modelo de língua do século XIX, praticada por escritores portugueses dessa época) não está presente nem mesmo nos livros didáticos e paradidáticos de hoje, nos jornais e nas revistas de grande circulação. Daí vem a incoerência em ensinar um modelo de língua tão distante da realidade da maioria dos falantes e ignorar completamente as múltiplas realidades de uma mesma língua que levam em conta as diferenças sociais, de idade, de sexo, de região, dentre muitas outras variantes. Assim, o professor deve conhecer e trazer para seus alunos um pouco da história da formação da língua, trabalhar com a maior variedade de textos possíveis, formais ou não, oportunizar a discussão a respeito dos diversos níveis de linguagem. Instrumentalizar o aluno à pesquisa, entregando-lhe às mãos as fontes possíveis, treinando seus olhos a ver as falhas e incoerência entre os autores e destravando suas bocas para que possam trazer as múltiplas realidades para sala de aula.
A necessidade de uma norma padrão é inegável. É importante para uma mínima eficiência comunicativa nos campos formais e a escola é o lugar ideal para adquirir esse padrão. Contudo, o modelo das gramáticas sozinho não é capaz de garantir uma eficácia comunicativa a todo o momento, ele, sozinho, não dá conta de explicar a complexidade da língua. É preciso compreender não só a norma padrão como também as variedades linguísticas menos prestigiadas socialmente, pois todas elas compõem a língua e são usadas ou ouvidas em um momento ou outro da vida do falante.
O que acontece é que há uma minoria presente, sobretudo nos meios de comunicação, nas escolas e no governo que usam a norma que nem eles mesmos dominam para oprimir a grande massa de analfabetos funcionais. Não lhes interessa a elaboração de um novo padrão de língua a ser seguido nas produções textuais formais, sempre defendem o padrão existente como a verdadeira língua, com o intuito de pertencer a uma elite européia, sem atentar que nenhuma língua é feita de estaticidade.
Formas tidas como impróprias hoje (Frauta, Fro), ontem (duzentos, trezentos anos atrás) eram tidas como próprias, e poderão até ser aceitas como formas cultas daqui a algum tempo. O linguísta Sírio Possenti, certa vez, comparou os gramáticos com os paisagistas, que cultivam somente determinadas plantas, desconsiderando algumas outras em nome da beleza do jardim. Já o linguísta, segundo Possenti, assemelha-se aos botânicos, que considera toda espécie importante, podendo até assessorar o paisagista em seu cultivo ornamental, mas sem descuidar das outras espécies que compõem a flora.
Contudo, entre a botânica e a linguística, a primeira goza de um prestígio que a segunda ainda não desfruta. As elaborações científicas dos últimos anos a respeito da língua pouco chegam às escolas, seja pela má formação de professores, seja por questões políticas quem impedem a aceitação de um modelo normativo mais próximo das nossas necessidades comunicativas. Assim sendo, em sala de aula, é preciso considerar a língua falada pelo aluno, estudar a sua estrutura, compará-la à norma padrão, instrumentalizando-o na leitura e escrita exigida em vários momentos de sua vida, minorando o sentimento de inferioridade ao usar a própria língua.
Para o professor em formação ou em exercício (que também deve estar em constante formação) cabe um desafio: combater em si mesmo as práticas de ensino comuns dos professores defensores da língua e dos professores boas-praças. Tais práticas são mais comuns de se aderir do que se imagina. Copiar modelos numa rotina estafante a que o professor é submetido é bem mais fácil do que criar, adaptar e aplicar novas técnicas em harmonia com seu público. E mais, é preciso fazer com que os nossos alunos se sintam cada vez mais agentes do que dependentes dos “mestres”, impregnados de um modelo reflexão da língua materna preconceituoso.
O estudante precisa compreender que ele é sujeito da sua própria língua e que ele, junto aos seus vários círculos de convivência têm o pertencimento da língua que falam e não são subjugados a ela. Estão subjugados aos grupos sociais e hegemônicos que determinam as normas de fala, mas, ainda assim, não são capazes de exterminar os outros padrões de língua, nem de abafar a inventividade na língua.
Bianca Mendes Azevedo

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

10 coisas que amo!


1. Receber carinho do meu filhão( todo mundo imagina que é bom mas só dá pra saber mesmo quando acontece);

2. Estar com meu maridão só pra mim;

3. Comer chocolate e beber Coca-cola ou café (bomba atômica, né? Eu sei, mas fazer o quê? Não é sempre, não!

4. Caminhar. Penso um bocado na vida assim!

5. Conversar com meu pai;

6. Ter o colinho da minha mãe;

7. Meus irmãos;

8. Receber massagem;
9. Dar aula, planejar novos objetivos profissionais e...

10. Praia!!!!!
Tem mais, só que como me propus a listar 10 coisas... pra não virar bagunça, né???
Então, bjim procês!!!