sábado, 16 de maio de 2009

Com licença poética!

Ilustração Jarbas Azevedo



Vou postar um poema que li e me identifiquei muito. É de Adélia Prado, mineira, dona de casa, professora, habilidosissíma na escrita. O poema a seguir, dialoga com o Poema de sete faces, de Drummond, também muito querido por mim.


Algo mais sobre Adélia, http://www.releituras.com/aprado_bio.asp





Com licença poética




Quando nasci um anjo esbelto,


desses que tocam trombeta, anunciou:


vai carregar bandeira.


Cargo muito pesado pra mulher,


esta espécie ainda envergonhada.


Aceito os subterfúgios que me cabem,


sem precisar mentir.


Não sou tão feia que não possa casar,


acho o Rio de Janeiro uma beleza e


ora sim, ora não, creio em parto sem dor.


Mas, o que sinto escrevo. Cumpro a sina.


Inauguro linhagens, fundo reinos


(dor não é amargura)


Minha tristeza não tem pedigree,


já a minha vontade de alegria,


sua raiz vai ao meu mil avô.


Vai se coxo na vida, é maldição pra homem.


Mulher é desdobrável. Eu sou.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O nascimento do nosso "Pipu"







Ao invés de falar detalhadamente como foram as minhas 22 h de trabalho de parto (quando fiz as contas me assustei, porque não pareceram tão longas e sofridas dada a minha felicidade no momento), vou falar de como foi possível a vinda desse maravilhoso ser para o nosso convívio.


Acredito muito em Deus e sei que foi Ele que fez a minha vida e a do papai se cruzar inúmeras vezes. Nascemos na mesma maternidade, quase sempre moramos perto um do outro, estudamos na mesma escola, fomos parceiros na festinha de São João na escola, e na adolescência, momento em que se desperta olhares para o outro, tudo parava quando o papai de Luca encontrava comigo. Até que começamos a namorar e não entendíamos como, em "tão pouco tempo", estávamos tão ligados.


Curtimos cinco anos de namoro (bem curtidos, diga-se de passagem), demos início a projetos pessoais (que já não eram só de um e sim dos dois) e emendamos cinco anos de casamento, sendo que a cada ano, a vontade de ter um filhinho (ou filhinha) crescia e se solidificava.


Sempre tivemos consciência de que um filho era algo muito especial. É alguém que iria aprender conosco o que aprendemos de nossos pais e da vida, alguém que teria demandas físicas, materiais, espirituais, etc. Quando decidimos que a hora tinha chegado, o bebê teimava em não chegar. Se pensarmos em alguns muitos casais que lutam por um positivo, até que não foi tanto tempo assim (um pouco mais de dois anos), só que ansiosos como nós somos já estávamos ficando tristes. Mas hoje sei que ele chegou na hora certa, e eu já sabia desde o primeiro momento que não éramos mais dois e sim três. Papai também sabia, ele é um cara que anda ligado nas coisas (he, he, he)!


E o momento da confirmação? Primeiro fiquei surda.

" - Suas suspeitas estão confirmadas."
" - O quê?"
" - Suas suspeitas estão confirmadas."

Depois saí da sala do médico quase pulando, sentindo um monte de coisa que não sei explicar, junto com euforia, felicidade, me sentindo completa. Até então nem imaginava que faltava isso para eu me sentir uma mulher de verdade, sabe aquela coisa de estágios, fases da vida? Eu amo ser mulher e vim aqui também para ser mãe.

Minha gestação foi m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a! Fiz tudo o que eu já fazia e mais um pouco. Me cuidei muito bem, me estressei também, mas procurei não guardar nada que me fizesse mal. Me sentia a mulher mais linda do mundo.
Logo no auge da Mulher Melancia e eu com aquela barrigona redonda...reinvidiquei logo o meu posto de "Verdadeira Mulher Melancia ".
Tem uma coisa muito bonita que acontece com as mulheres quando estão perto de parir que é uma vontade de arrumar "o ninho" para a chegada da cria. Eu pensava que era bobagem mas não é não. Eu estava com 38 semanas, com uma reforma do quarto e uma casa extremamente bagunçada. Briguei, disse que ía arrumar a casa assim mesmo, e tudo o mais. Na verdade era uma ansiedade, uma aflição de vê-lo chegando e não ter o canto dele arrumado, ter privacidade, não queria ficar na casa de ninguém. Quando meti a mão na massa já estava entrando em trabalho de parto e nem sabia. Uma dorzinha de leve nos quadris. Mas Deus é grande e mainha me chamou pra comer feijoada (he, he) e lá, na casa dos meus pais, tive um sinal de sangue. Eu sabia que só dependeria de mim e de Deus (além dos médicos, é claro) nessa etapa da vida, mas só o fato de ter me encontrado com meu pai e minha mãe naquele dia, naquela hora, me deu muita força.
E depois, tentei manter a calma todas as vezes que via que ía me desesperar (porque, cá pra nós, tem cada mulher presepeira parindo!!!), e deixei tudo com Deus que não me abandonou nem um segundo. Só tenho a agradecer! Ao carinho e à atenção da minha família (Pais, sogros, cunhados, irmãos, amigos e maridão), aos doutores Aloísio e Pablo, e à Deus por ter me dado a oportunidade de ser mãe de um menino tão esperto e amoroso.
Te amo Luca!!!!!